Dias atrás, andava eu
próximo a mata que circunda os limites de minha fazenda, em busca de um arbusto
com tronco retilíneo que eu pudesse utiliza-lo como cabo de uma enxada.
Caminhava cauteloso,
escolhendo os locais onde pisava, preocupado com os peçonhentos que habitam as
folhas secas do chão, mas sem descuidar das abelhas, vespas e marimbondos, que
costumam edificar seus ninhos entre as folhas das árvores.
É que depois de todos
estes anos, desenvolvi uma reação alérgica, por picadas de abelhas e
marimbondos, dos quais por duas ocasiões me mandara para o hospital, sendo que
na última, para infelicidades dos meus inimigos, quase deixei a vida
terrena.
Segundo o alergista que
consultei posterior a isto, a culpa seria de um “gens”, que despertara com o
propósito de ferrar comigo, juntamente agora quando passo pela casa dos 6.0.
Voltando ao assunto inicialmente, sobre minhas andanças pela mata pude observar, uma monstruosa
árvore de troco relativamente grosso, e de
altura que calculei, ser de 15 metros ou mais.
Parei próximo ao
gigantesco ser vivo, apreciando sua grandiosidade, bem por que, havia pousado
sobre seus galhos, algumas araras aproveitavam àquela hora do dia para fazer
muito barulho com seus tradicionais gritos.
Por alguns momentos
esqueci, do meu objetivo inicial, arrumar um cabo de enxada, e "encabar" a
ferramenta que se encontrava a muito “descabada” e abandonada em um canto do
barracão.
Olhando aquela imensa
árvore, pude observar, que seus galhos estavam tomados por parasitas, pequenas plantas e outros insetos como os
cupins, que também usavam seus galhos mais grossos como morada. Pensando comigo
mesmo, fiquei imaginando que todos aqueles parasitas viviam daquela enorme e
frondosa árvore.
Ao aproximar-me um pouco
mais do seu tronco, cauteloso como havia inicialmente escrito, olhei para o
chão e vi inúmeras sementes de outras árvores, germinando entre as folhas
mortas acomodadas no solo da mata. Certamente muitas daquelas sementes, foram
trazidas até ali, por pássaros, morcegos e outros animais silvestres.
Porém uma daquelas
plantinhas em germinação, me chamou atenção, pois estava um pouco mais crescida
do que as demais, aproveitando um pouco dos raios do Sol, que escapava entre os
galhos mortos daquela imensa árvore que ali a mais tempo existia. Aquela
pequena planta estava buscando um lugar ao sol, para poder crescer e quiçá
produzir flores e frutos.
Vendo aquela cena de
sobrevivência vegetal, fiquei comparando com algo que poderia ser visto como
exemplo comparativo para todos nós. Aquela grande árvore crescida, frondosa, e tomada por
diversos parasitas, poderia ser comparado ao “Governo” no sentido lato da
palavra. E aquela outra, tentando crescer para posteriormente frutificar,
poderia ser o indivíduo, um empresário, ou qualquer outro cidadão, em busca de privada
sobrevivência, porém com muitas dificuldades criadas pelo monstro que lhe fazia
sombra.
Deixei o local pensativo,
para logo após encontrar uma outra árvore maior ainda, podendo notar em seu
troco, uma raiz que descia até o solo, e que aos poucos, como um aliem, digno
de um filme de ficção, que lentamente iria envolvendo aquela enorme árvore até
finalmente esmaga-la, usando do seu tronco para sua sustentação.
Aquela raiz que eu
avistara, era na verdade de uma figueira, cuja semente talvez tenha sido levada
até lá por pássaros ou até mesmo pelos morcegos em suas fezes, após ter ingerido o
fruto de uma outra, depositando-a em um local qualquer no tronco de sua
hospedeira, possibilitando assim sua germinação.
Assim também será com o
Governo e seus parasitas, um dia uma sementinha, irá geminar em seu
troco, apodrecido, carcomido pela corrupção, inerte pela burocracia, e,
certamente irá aos poucos domina-la, pela sensatez, Justiça e principalmente
pelos anseios da liberdade, que ainda verei de frutificar neste nosso sofrido
país.