domingo, 15 de julho de 2018

O sonho do indiozinho Kuimba'e Karape.


                                        O sonho de “Kuimba’e Karape. (parte 1)
  Kuimba’e karape, era filho de um velho poderoso cacique, muito admirado por outros índios, que reinava e habitava terras do além rio.
  Kuimba’e  karape, era um indiozinho sonhador. Vivia a caminhar pela selva, conversando com os animais. Sempre alegre e sorridente. Um dia, parou diante do esplendoroso rio, que delimitava os dois povos, e de longe enxergou as ocas da tribo vizinha.
  Naquele dia, sentando as margens do grande e esplendoroso rio, pediu para tupã, que o fizesse cacique daquela tribo vizinha, e que se ele o ajudasse, construiria uma grande ponte, sobre o rio ligando as duas margens. Porém tupã permaneceu calado.
  Gritou bem alto pela floresta, que se fosse eleito cacique, construiria uma grande oca como sede do seu reinado, porque aquela antiga existente estava velha e carcomida.
  Então, com a voz de muitos trovões, tupã respondeu a Kuimba’e karape, dizendo que aquela tribo do além rio, era governado por uma velha rainha, e que o “michimi” somente seria cacique se os índios de lá o escolhesse.
  Ele então indagou para tupã, como isto seria possível? Tupã lhe dissera, mude-se para aquela tribo e convença o povo de lá que eles o elegerão cacique. Mas prometa que assim que tornar-se cacique irá construir a grande ponte, sobre o frondoso e reluzente rio que serpenteia em sua frente? E assim prometeu kuimba’e Karape.
  No dia seguinte, logo pela manhã, com sua tralha pegou uma canoa, e remou fortemente em direção a margem oposta para lá chegando dar início as conversações.
  Dirigindo aos índios daquela tribo, dizia que Tupã o havia mandado, para ser o cacique deles. Procurou então o velho pajé, que ungiu seu cocar de palha, para que, onde ele fosse, mostrasse o cocar para o povo pedindo a eles que tirasse a velha rainha e lhe fizesse cacique.
  E assim fez Kuiba’e Karape, reunindo-se com os demais índios daquela tribo, sempre usando seu cocar de palhas ungido pelo velho pajé. Ele dizia para aqueles índios, que faria uma grande ponte sobre o rio, ligando as duas nações, e construiria uma grande e nova oca de onde iria reinar em seu cacicado.
  E todos os índios viram que aquilo seria bom, pois Kuimba’e Karape, era jovem, forte, e filho de um admirável cacique do além rio. E todos ficaram felizes, e o aclamaram como cacique em lugar da velha e cansada rainha.
  Até os velhos índios que cobiçavam o cargo de cacique, o aclamaram chefe, correndo entre as ocas gritando o seu nome para baixo e para cima, estourando gomos de tabocas no festejo de sua vitória.
  Assim Kuimba’e Karape, tornou-se cacique daquela tribo que beirava o rio, tornando seu sonho uma realidade.
  Já como cacique, Kuimba’e Karape, esqueceu da promessa que fizera para Tupã, e cercando-se de indiozinhos servis, mergulhou-se em uma grande arrogância entristecendo o povo daquela tribo da qual se tornara chefe.
                                                         (continua....)