terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O sonho do indiozinho Kuimba'e Karape - 2ª e última parte.


  Kuimba’e Karape,  tornando-se cacique daquela pequena tribo,  novamente buscou em Tupã, apoio para prorrogar por mais uma vez seu cacicado, mesmo sabendo que o  entristecera com promessas não cumpridas.
  Adentrou na grande mata, e clamou por Tupã, mais este não lhe respondeu. Por várias ocasiões Kuimba’e dirigia-se floresta adentro gritando por Tupã, até que uma noite, ouviu-se o rimbombar de um trovão, cujo estrondo ecoou pela mata. Era Tupã, que incomodado pelos clamores de Kuimba’e Karape, dava ar de sua ira.
  Com a voz de muitas águas, Tupã indagou a Kuimba’e Karape, o que ele pretendia agora?!! Kuimba’e Karape, dissera então: - Tupã, pai das matas, e das Tribos que vive nela, ajude Kuimba’Karape, a ser novamente cacique. Kuimba’Karape, promete não mais decepcionar Tupã. E novamente Tupã, concedeu a ele que fosse escolhido Cacique por um período de 48 luas cheias.
  Iniciado seu segundo cacicado, Kuimba’e Karape esqueceu novamente de suas promessas, voltando a cercar-se de outros índios bajuladores e inescrupulosos. Em sua taba oficial, Kuimba’e Karape, inflamou com muitos outros índios, para desfrutarem de sua farta mesa.
  Os demais integrantes da tribo, tinham que caçar e colher frutos no mato, para sustentar o cacicado de Kuimba’e Karape, e eles não gostavam nada disto.
Kuimba’e Karape passou então de cercar-se de índios de outras tribos, para que este prestasse a ele sua honra. E assim os indígenas estrangeiros, também participavam da sua mesa.
  Tupã então, vendo o sofrimento daquela tribo, e a arrogância e insensatez do seu cacique, amaldiçoou-os, pois novamente havia sido enganado por Kuimba’e Karape. Colocou neles um encantamento deixando-os desnorteados para conduzi-los próximo a uma lagoa, e chegando lá os atirou em suas águas, transformando-os e peixes e outros insetos.
  Foi assim que originou as Traíras, “Marubás” e Sanguessugas nos rios, tornando-se símbolos da traição e ganancia humana. Surgindo o ditado, de que a Traíra mesmo sem a buchada pode morder e ferir. 

                                                               FIM.