O sonho de “Kuimba’e
Karape. (parte 1)
Kuimba’e karape, era filho
de um velho poderoso cacique, muito admirado por outros índios, que reinava e habitava
terras do além rio.
Kuimba’e karape, era um indiozinho sonhador. Vivia a caminhar
pela selva, conversando com os animais. Sempre alegre e sorridente. Um dia,
parou diante do esplendoroso rio, que delimitava os dois povos, e de longe
enxergou as ocas da tribo vizinha.
Naquele dia, sentando as
margens do grande e esplendoroso rio, pediu para tupã, que o fizesse cacique
daquela tribo vizinha, e que se ele o ajudasse, construiria uma grande ponte, sobre
o rio ligando as duas margens. Porém tupã permaneceu calado.
Gritou bem alto pela
floresta, que se fosse eleito cacique, construiria uma grande oca como sede do
seu reinado, porque aquela antiga existente estava velha e carcomida.
Então, com a voz de
muitos trovões, tupã respondeu a Kuimba’e karape, dizendo que aquela tribo do
além rio, era governado por uma velha rainha, e que o “michimi” somente seria
cacique se os índios de lá o escolhesse.
Ele então indagou para
tupã, como isto seria possível? Tupã lhe dissera, mude-se para aquela tribo e
convença o povo de lá que eles o elegerão cacique. Mas prometa que assim que tornar-se
cacique irá construir a grande ponte, sobre o frondoso e reluzente rio que serpenteia
em sua frente? E assim prometeu kuimba’e Karape.
No dia seguinte, logo
pela manhã, com sua tralha pegou uma canoa, e remou fortemente em direção a
margem oposta para lá chegando dar início as conversações.
Dirigindo aos índios
daquela tribo, dizia que Tupã o havia mandado, para ser o cacique deles. Procurou
então o velho pajé, que ungiu seu cocar de palha, para que, onde ele fosse,
mostrasse o cocar para o povo pedindo a eles que tirasse a velha rainha e lhe
fizesse cacique.
E assim fez Kuiba’e
Karape, reunindo-se com os demais índios daquela tribo, sempre usando seu cocar
de palhas ungido pelo velho pajé. Ele dizia para aqueles índios, que faria uma
grande ponte sobre o rio, ligando as duas nações, e construiria uma grande e
nova oca de onde iria reinar em seu cacicado.
E todos os índios viram
que aquilo seria bom, pois Kuimba’e Karape, era jovem, forte, e filho de um
admirável cacique do além rio. E todos ficaram felizes, e o aclamaram como
cacique em lugar da velha e cansada rainha.
Até os velhos índios que cobiçavam
o cargo de cacique, o aclamaram chefe, correndo entre as ocas gritando o seu
nome para baixo e para cima, estourando gomos de tabocas no festejo de sua
vitória.
Assim Kuimba’e Karape,
tornou-se cacique daquela tribo que beirava o rio, tornando seu sonho uma
realidade.
Já como cacique, Kuimba’e
Karape, esqueceu da promessa que fizera para Tupã, e cercando-se de indiozinhos
servis, mergulhou-se em uma grande arrogância entristecendo o povo daquela tribo
da qual se tornara chefe.
(continua....)
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